terça-feira, dezembro 13, 2011

SENSATEZ NO TRANSITO (Texto de autoria do Sr.: César Pitanga)   
Gostei muito das colocações d´Ele que estou divulgando.


Por quê nunca tive acidentes sérios de motos em 32 anos de pilotagem?

Será porque tenho sorte demais? Será porque sou o Clark Kent? Será que o homem lá de cima não me quer mesmo? NADA DISSO!

Estou vivinho e inteiro porque uso uma coisa que muitas vezes está fora de moda nos tempos de hoje: SENSATEZ!

Existem motociclistas que altera o ângulo de uma curva de 90° para uma de 150° ( na cabeça dele... ) e esquecem que duas rodas têm menos apoio, menos tração, menos contato com o asfalto e menos controle no caso de uma derrapada que um 4 rodas e aí vão parar no meio do mato ou, pior, na contramão embaixo de um caminhão.

Existem motociclistas que mantêm a mesma velocidade quando passam por cidades nas margens de rodovias e esquecem das pessoas avoadas, dos malucos nas 4 rodas que dão a velha roubadinha (gato), das areias de construções jogadas nas pistas pelo vento, das bolas e meninos desembestados correndo sem direção.

Existem motociclistas que passam entre os 4 rodas parados em engarrafamentos nas grandes cidades como se estivessem sozinhos numa rodovia e esquecem de portas que se abrem num passe de mágica. Esquecem de pessoas que passam atrás de um carro alto. Esquecem de uma moto guiada por um novato que entra sem olhar no corredor.

Existem motociclistas que andam na chuva com o espírito de Senna encarnado na cabeça e esquecem que Senna foi Senna e ele pilotava um 4 rodas.

Existem motociclistas que pensam que pilotagem defensiva é pilotar com 80, 90 numa pista de 100, 120. Manda eles pilotarem numa Rio/BA e os caminhões/ônibus vão jogá-los no acostamento ou, literalmente, "passar por cima" . Esquecem que pilotar defensivamente nada tem a ver com velocidade. Pilotar defensivamente é imaginar o inimaginável! É ver vermelho quando o sinal está verde! É ter certeza que o pedestre vai avançar! É ter certeza que o carro vai fazer uma merda na sua frente e, o pior, atrás de você! E tem motoqueiros que tiram os retrovisores...

Existem motociclistas que esquecem que são filhos, maridos, pais e esquecem que seus pais, suas esposas e seus filhos vão desmoronar ao vê-los deitados em vez de sentados.

Venho brigando e afirmando com todos que a segurança ativa de uma moto é idêntica à segurança passiva de um carro e que a diferença só existe na cabeça de quem pilota: se ele tem ou não, sensatez! Se tivermos muita sensatez, um pouco de sorte e alguma média com o homem lá de cima vamos pilotar nossas motos por muitos e muitos anos. Eu quero pilotar até uns 80 e você?


 Abraços a todos.

terça-feira, junho 07, 2011

NOSSO POINT

Saúde & Paz.
Sempre no 2º domingo de cada mês, reunimo-nos em Tavares, distrito de Pará de Minas.
O acesso para quem está e ou vai passar por Pará de Minas:
-Passa-se na frente ao Pq. de Exposição e segue por 7kms (sentido Florestal); Tavares está situado a direita da estrada.
-Para quem vem de Belo Horizonte, passa-se a cidade de Juatuba, segue + 5kms até saída da BR262 sentido Florestal, passa-se no trevo de Florestal, depois passa-se pelo distrito de Gameleira e mais 5kms a esquerda da estrada chega-se a Tavares; total de 47kms (Betim-Tavares)

quarta-feira, maio 25, 2011

Síndrome de Highlander dos Motociclistas

Ao encaminhar para suas listas, divulguem a fonte.

FONTE:
*Geraldo Tite Simões *é jornalista, instrutor de pilotagem e ministra o Curso SpeedMaster de Pilotagem com apoio de Honda, Pirelli, Tutto e Shoei. http://www.speedmaster.com.br/

**Nos anos 1980 o psicólogo e professor Dan Kiley surpreendeu o mundo científico com a publicação do livro “Síndrome de Peter Pan”, no qual defendia a doentia incapacidade de alguns homens em crescer, no sentido do amadurecimento intelectual e comportamental. Segundo esta teoria (já aceita como doença), os homens com a tal síndrome têm dificuldade de aceitar que já entraram no mundo adulto e continuam se comportando como adolescentes, de forma irresponsável, rebelde e quase sociopata.

Bom, nem precisava escrever um livro, porque até a Eva já tinha percebido que o Adão e todos os homens que vieram a seguir nunca passaram dos 15 anos de idade!

Aquilo que as mulheres tanto detestam na mais evidente característica masculina e causa principal das eternas crises conjugais é também responsável pela fila cada vez maior nos hospitais e agências funerárias.
Sim, quem me conhece sabe que não compartilho o tabu geral da mídia especializada ao tocar no tema morte. Motociclistas morrem sim.

Quando dava aulas de fotografia na faculdade de jornalismo costumava começar com uma pegadinha: qual a condição essencial para enxergarmos os objetos? A quase totalidade dos alunos respondiam “ter luz”. Então eu usava uma imagem comum nos filmes policiais: imagine que você está sendo interrogado em uma
sala escura. À sua frente um detetive joga um facho de luz bem forte nos seus olhos, você será capaz de vê-lo? Não, obviamente, no entanto tem luz! A condição para vermos os objetos é que haja a reflexão da luz. A luz atinge o objeto que volta para meio e seus olhos podem vê-lo.

Hoje, no meu curso de pilotagem de moto SpeedMaster eu faço a pergunta: qual a condição essencial para um motociclista morrer? E as respostas são variadas, como imprudência, negligência, imperícia etc. Mas a resposta certa é apenas uma: a condição essencial para que qualquer pessoa morra é estar viva, apenas essa, mais nenhuma!

Mas é disso que muitos motociclistas esquecem: nós somos mortais!

A partir daí desenvolvi a teoria da Síndrome de Highlander, aquele personagem do filme do mesmo nome, que atravessa a história como imortal.
Ele só morre se cortarem-lhe a cabeça. A imortalidade já foi tema de inúmeros livros, filmes e permeia a história da humanidade desde os primórdios. Um bom livro (e filme) a respeito é “Orlando”, de Virgínia
Woolf.

O problema está na extrapolação da ficção para a realidade e pessoas agirem como se fossem imortais. É isso que vejo hoje em dia nos vários filmes na internet com motociclistas em motos esportivas pilotando a 300 km/h nas estradas como se fosse a coisa mais normal do mundo. Em um destes filmes pode-se ver o motociclista ultrapassando os carros pela direita a mais de 290 km/h e ainda por cima com a postura errada, equipamento inadequado e total ausência de técnica.

Pouca gente sabe, mas até para correr a 300 km/h na reta é preciso técnica, porque nós, pessoas, quando colocadas em cima da moto somos o pior apêndice aerodinâmico possível.

E não pense que estou falando de filmes europeus ou americanos, onde começou esta mania, mas são imagens feitas no Brasil, em estradas bem perto de suas casas.

*Ah, doce adrenalina*

A principal característica a Síndrome de Highlander é a prepotência, padrão de comportamento que transborda nos homens na faixa de 15 a 25 anos. É aquela famosa sensação de que as coisas ruins só acontecem com os outros. A fascinação pelo perigo vem daí e do fanatismo por histórias de personagens
heroicos como Super-Homem e outros.

Por isso o exército recruta jovens na faixa de 18 anos. Tem nada a ver com o vigor físico, porque um adulto de 30 anos pode ser mais bem preparadofisicamente do que um sedentário de 18. Na real é para aproveitar essa prepotência e mandar o moleque em direção ao campo minado porque ele tem certeza de que só os outros explodirão pelos ares.

Quando vejo essas imagens de motociclistas aparentemente adultos, muitas vezes esclarecidos, donos de empresas, bem posicionados financeiramente (uma moto destas custa mais de R$ 50.000) e até inteligentes não consigo entender em que parte da vida ele deu uma guinada de volta à adolescência.

Não é possível que um homem adulto, com dependentes à sua espera, com um futuro inteiro pela frente, muitas vezes calçado na competência profissional e intelectual seja capaz de se atirar numa estrada a 300 km/h disposto a matar ou morrer só pelo efêmero prazer da velocidade!

É inaceitável que a bordo dessas motos estejam pessoas que dirigem uma empresa, que educam filhos, que controlam administrações públicas, mas que voltam à adolescência só para provar aos amigos que tem um brinquedo mais bacana ou é mais corajoso. Tenho a clara impressão de que no momento que este homem adulto veste o macacão de couro, luvas e botas ele incorpora o super-herói dos quadrinhos. O seu macacão é o equivalente à roupa do Super-Homem. Acorda, aquilo era ficção! A kryptonita do motociclista é o
para-choque de um caminhão!

Pode parecer inacreditável, mas eu, com toda experiência de 40 anos como motociclista, sendo 22 anos como piloto de competição e razoavelmente experiente morro de medo de correr na estrada! Meus amigos até brigam comigo porque sou muito lento para os padrões da maioria, mesmo quando estou montado em uma esportiva de 180 cavalos. Sem falar que odeio pagar multas.

E não me venham com aquele papo de que quem compra uma moto esportiva quer acelerar tudo que ela dá porque isso é desculpa muito da esfarrapada. Eu tive arma de fogo por mais de 15 anos e nunca matei ninguém! Lembro de ter comprado a arma (um rifle de caça) porque a achei bonita, bem acabada e
fácil de acertar os alvos que criava no sítio: latinhas de alumínio, garrafas pet e abacates. Mas vendi a arma porque concluí que seria incapaz de atirar em uma pessoa ou qualquer outro ser vivo.

Portanto é perfeitamente possível ter uma moto esportiva pela beleza das linhas, pela tecnologia, pelos aspectos mais diferentes, sem se deixar seduzir pela velocidade insana, em local inadequado.

Muitos psicólogos já tentaram definir esta necessidade que temos em competir com veículos em alta velocidade. Nenhuma destas teorias chegou nem perto da realidade, porque psicólogos não são pilotos. Mas Platão foi o que melhor definiu, ao dizer, quatro séculos antes de Cristo, que o sonho de todo homem
é ser herói.

Os verdadeiros heróis são aqueles que perceberam a reles condição de mortais e decidiram curtir a velocidade de suas esportivas no local certo: na pista de corrida. Hoje já existem vários cursos de pilotagem específicos para motos esportivas em várias cidades, realizados em autódromos seguros. Também
são feitos track-days para que o motociclista possa extravasar essa sanha por velocidade, sem correr o risco de levar mais algum inocente junto.

Durante uma corrida, ultrapassar um adversário é o momento mais sublime. É a prova de coragem a habilidade ao mesmo tempo. E melhor: está todo mundo vendo o seu feito heróico. Subir ao pódio e levar para casa um troféu é a recompensa pelo heroísmo. E vencer é a glória total que nos coloca efetivamente na condição de super-herói para todo mundo ver e respeitar.

Então porque fazer isso na estrada onde poucos estão vendo e a maioria odiando aquilo?

Aliás, quando vejo estes filmes no youtube de motos a 300 km/h na estrada, não consigo achar o sujeito corajoso nem habilidoso, só vejo um louco sem noção. O melhor lugar para provar coragem e habilidade é na largada de uma corrida, com 15 motos na frente, mais 15 atrás e você ali no meio, com o coração a 220 bpm, pressão arterial em 18:12, encharcado de adrenalina, mas absolutamente excitante. Confesso a você leitor(a) que uma das situações mais difíceis de um piloto é parar de correr, porque a adrenalina vicia, mas
como qualquer droga pode matar!